AULA 4

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5. Cálculo da Perda de Carga (hf) e da Pressão dinâmica (Pd)

Cálculo da Perda de Carga - Exemplo

Calcular a perda de carga do trecho mais desfavorável da tubulação abaixo utilizando a fórmula de Fair-Whipple-Hsiao e o método dos comprimentos equivalentes.

Perspectiva Isométrica

 

Corte Longitudinal do Banheiro

5.1. Análise do projeto

Antes de atender todos os aparelhos projetados em um ambiente, a água deve passar por uma válvula de controle (Registro de Gaveta - RG). Essa válvula será utilizada quando for necessário algum tipo de manutenção ou intervenção nos aparelhos existentes no ambiente.

Por exemplo, se for necessário trocar a bóia da caixa acoplada, fecha-se o registro do banheiro antes de fazer a manutenção, evitando assim que a residência inteira fique sem abastecimento e que a vazão de água atrapalhe o conserto.

Essa tubulação que leva a água até o ambiente chama-se RAMAL.

O ramal do nosso exemplo de banheiro deve abastecer os três aparelhos (chuveiro - CH, lavatório - LV e bacia com caixa acoplada - CD).

A partir do Registro de Gaveta, existe uma primeira derivação ("tê") que divide a vazão da água para o chuveiro e para os outros dois aparelhos colocados à direita, o lavatório e caixa acoplada da bacia sanitária.

Essa tubulação que atende somente o aparelho chama-se SUB-RAMAL. No nosso exemplo, existem os sub-ramais do chuveiro, do lavatório e da caixa acoplada.

 

5.2. PRÉ-DIMENSIONAMENTO DO RAMAL DO BANHEIRO

Como no nosso primeiro exemplo, o reservatório atende somente um ambiente, vamos entender como ramal, o trecho de tubulação que vai desde a saída do reservatório até a primeira derivação ("tê) para o chuveiro.

5.2.1. Cálculo da Vazão do Ramal do Banheiro

Cada aparelho possui uma vazão específica e um peso relativo, como apresentados na tabela abaixo:

aparelho
vazão Q (l/s)
peso relativo (P)
Chuveiro
0,20
0,40
Lavatório
0,15
0,30
Bacia com caixa acoplada
0,15
0,30
TOTAL
0.50
1,00

obs: Para saber a vazão e o peso de outros aparelhos, consulte e a tabela completa

Se somarmos as Vazões de todos os aparelhos, estaremos afirmando que todos os aparelhos funcionam simultaneamente, o que não é verdade e estaremos superdimensionando a tubulação.

Os aparelhos, estatisticamente, são utilizados em intervalos de tempo diferentes e durante períodos de tempo diferentes.

Um chuveiro, por exemplo pode ser utilizado de duas a quatro vezes por dia e cada banho pode durar de 15 a 20 minutos. Diferente de um lavatório que pode ser utilizado 5 a 10 vezes por dia por 20 a 30 segundos cada. Existe a probabilidade de se utilizar o chuveiro e o lavatório ao mesmo tempo e esta probalidade também pode ser calculada estatisticamente.

Hunter, percebeu isso e mediu todos os períodos e intervalos de tempo de todos os aparelhos, estabelecendo a cada um pesos relativos. Utilizando esses pesos relativos estaremos dimensionamento a tubulação de uma forma muito mais realista, sem superdimensionar o sistema.

Para calcular a vazão a partir dos pesos relativos podemos utilizar a fórmula abaixo:

 

Ou utilizar a tabela de vazões (Q) x pesos (P) x diâmetro das tubulações e obter os valores por leitura direta. Somatória de pesos 1,0 - vazão Q = 0,3 l/s.

5.2.2. Pré-dimensionamento do tubo do Ramal do Banheiro

A leitura direta do ábaco anterior também permite o pré-dimensionamento do diâmetro do tubo do ramal do banheiro. Diâmetro do tubo d= 20mm.

 

5.3. PRÉ-DIMENSIONAMENTO DO SUB-RAMAL DO CHUVEIRO

5.3.1.Cálculo da Vazão do Sub-ramal do Chuveiro

aparelho
vazão Q (l/s)
peso relativo (P)
Chuveiro
0,20
0,40
TOTAL
0.20
0,40

Como só existe um aparelho atendendo o sub-ramal do chuveiro, a vazão do trecho é a vazão do equipamento, Q = 0,20 l/s ou 0,19 l/s se consultar o ábaco ou utilizar a fórmula.

5.3.2. Pré-dimensionamento do tubo do Ramal do Banheiro

A leitura direta do ábaco também permite o pré-dimensionamento do diâmetro do tubo do sub-ramal do chuveiro. Porém agora caimos no que chamamos de zona de duplo diâmetro. O diâmetro do tubo pode ser de 15 ou de 20mm.

Mas qual é o critério utilizado para escolher o diâmetro do tubo quando o valor cai em uma zona de duplo diâmetro? Se o tubo que está sendo pré-dimensionado estiver em uma região do edifício com pouca pressão estática, deve-se adotar o maior valor (lembre-se: quanto maior o diâmetro, menor a perda de carga). Se o tubo estiver em uma região com boa pressão estática (o pavimento térreo de uma sobrado, por exemplo), podemos adotar o menor valor.

No nosso exemplo, o chuveiro está bem próximo do reservatório, em uma região com pouca pressão estática, logo vamos adotar o maior valor d=20mm

 

5.4. CÁLCULO DA PERDA DE CARGA UNITÁRIA ( J )

Relembrando: as perdas de carga em uma tubulação se originam do atrito do fluido contra as paredes dos trechos retilíneos e do atrito do fluido contra as singularidades (conexões, válvulas, etc.) de uma tubulação.

O método que vai ser utilizado para calcular a perda de carga é o de Fair-Whipple-Hsiao. O ábaco de Fair-Whipple-Hsiao contém 4 variáveis hidráulicas:

- J - perda de carga unitária dada em m.c.a/m de tubulação retilínea

- v - velocidade dada em m/s

- Q - vazão dada em l/s

- DN - diâmetro nominal do tubo dado em mm ou polegadas

Se soubermos 2 das 4 variáveis, conseguimos calcular as outras 2. Já temos o pré-dimensionamento dos tubos dos ramais e sub-ramais e as vazões dos mesmos trechos, logo conseguiremos calcular a perda de carga unitária e as velocidades.

 

5.4.1. Cálculo da perda de carga no ramal do banheiro

DADOS:

Vazão - Q = 0,3 l/s

Diâmetro - DN = 20 mm

 

Para fazer a leitura direta no ábaco, é só criar uma linha entre os pontos DN=20 e Q=0,3. O prolongamento dessa linha em direção aos ábacos de perda de carga unitária e da velocidade, darão os seus valores. Cuidado: a escala do ábaco não é linear, ela é logaritmica. Fazendo a leitura direta no ábaco, teremos:

J = 0,072 m.c.a/m - No ramal há uma perda de carga de 0,072 m.c.a. de pressão a cada metro linear de tubulação do ramal do banheiro.

v = 0,97 m/s - a velocidade não deve ultrapassar 3 m/s.

O comprimento do tubo do ramal é chamado de comprimento real (CR). O CR do ramal é:

CR = 0,25 + 0,25 + 0.10 + 0,40 + 1,10 -> CR=2,10m

 

 

5.4.2. Cálculo da perda de carga no sub-ramal do chuveiro

DADOS:

Q = 0,19 l/s

DN = 20 mm

Fazendo a leitura direto no ábaco, temos:

J = 0,032 mca/m - Há uma perda de pressão de 0,032 m.c.a. a cada metro linear de tubulação do sub-ramal do chuveiro.

v = 0,62 m/s - a velocidade não pode ultrapassar 3 m/s

O comprimento do tubo do sub-ramal também é chamado de comprimento real (CR). O CR do sub-ramal do chuveiro é:

CR = 1,00 + 1,10 -> CR=2,10m

 

5.5. CÁLCULO DAS PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS

Lembrando: as perdas de carga localizadas são aquelas provinientes das singularidades da tubulação: curvas, derivações, registros de gaveta, registros de pressão e saídas de reservatório.

O método que será utilizado será o dos comprimentos equivalentes (CE)

 

5.5.1. Cálculo das perdas de carga localizadas no Ramal do Banheiro

peças (DN=20mm)
Comprimento Equivalente (CE)
1 Entrada de Borda
1,00
1 Curva de 90 (joelho de 90)
1,20
2 Registros de Gaveta abertos
0,40
TOTAL
2,60

 

5.5.2. Cálculo das perdas de carga localizadas no sub-ramal do chuveiro

peças (DN=20mm)
Comprimento Equivalente (CE)
1 Tê de saída lateral
2,40
1 Registro de Globo aberto
11,40
2 Curvas de 90 (joelhos de 90)
2,40
TOTAL
16,20

 

5.6. Cálculo das Perdas de Carga Totais ( hf )

A perda de carga total é a soma das perdas de cargas nos trechos retilineos de tubulação e das perdas de carga localizadas.

Para isso vamos montar a seguinte tabela, onde colocaremos os comprimentos reais dos trechos retilíneos de tubulação, os comprimentos equivalentes e a perda de carga unitária.

O comprimento total é a soma dos comprimentos reais e dos comprimentos equivalentes (CT=CR+CE)

A perda de carga total é a multiplicação da perda de carga unitária (J) pelo comprimento total (CR)

hf = CT . J

TRECHO
Comp. Real (CR)
Comp. Equivalente (CE)
Comp. Total (CT)
Perda de Carga Unitária ( J ) m/m
Perda de Carga total ( hf ) m.c.a.
Ramal
2.10
2,60
4,70
0,072
0,34
Sub-ramal
2.10
16,20
18,30
0,032
0,59
 
TOTAL
0,93

CONCLUSÃO:

A perda de carga total do projeto, entre a saída do reservatório e o ponto do chuveiro é de 0,93 m.c.a. de pressão

 

5.7. Cálculo da Pressão dinâmica no ponto do Chuveiro

A pressão dinâmica no ponto do chuveiro é a diferença entre a pressão estática e a perda de carga total no sistema

Pd = Pe - hf

Através do conceito de Stevin, podemos determinar a pressão estática (Pe). A Pe é a diferença de altura entre a saída do reservatório e o ponto do chuveiro.

Pe = 0,25 + 0,10 + 0,40 -> Pe = 0,75 m.c.a.

Portanto:

Pd = 0,75 - 0,93

Pd = -0,18 m.c.a.

Conclusão: A pressão dinâmica é menor que a pressão mínima de serviço de um chuveiro que é de 0,50 m.c.a., logo o chuveiro não funcionará adequadamente